Que olhar temos posto sobre o Distrito Federal?
O quadradinho que se expande para além das Asas, Lagos e Zona Central Administrativa geme e padece invisível, ao que se delibera no privilégio capital de ser Brasília - como se possível fosse, invisível tornar seus milhares e milhares de habitantes, órfãos de políticas públicas condizentes às suas incertezas e necessidades reais. E também, obviamente, contribuições positivas no centro do Planalto Central.
Ora, de onde surgiu esse pensamento?
A verdade, é que se o DF não for visto e percebido com um ente só, composto porém, de inúmeras especifidades em cada uma das suas regiões, de nada adiantarão os olhares e cuidados meticulosos sobre a expressão central do nosso quadradinho. No fim, Brasília ruirá (como nem tão lentamente já ocorre), frente as mazelas que dizimam os sonhos e as forças dos moradores das Regiões Administrativas que não são alcançados pela lentes fotográficas de quem, no exercício de poder, tem a caneta na mão na Capital Federal, e de cidadãos que podem influenciar decisões na cidade, mas são incapazes de perceber a sua composição para além dos belos desenhos arquitetônicos da Esplanda e suas adjacências.
Um importante exercício aos que pleiteiam pensar a cidade, é talvez, deixar de lado - por um instante somente, os livros, lápis, adereços tecnológicos, rodas de conversas sobre miséria e poder, para visitar os rincões do Distrito Federal, colocar o pé na lama da realidade efetiva que sufoca quase 2 milhões pessoas (no contexto geral) e dentre estas, alguns punhados de milhares e milhares, diariamente, via um sistema desumanizante de transporte, quase completa ausência de mínima infra-estrutura (em alguns lugares é zero) no que tange a rede de esgoto, por exemplo, lazer, e outras necessidades à vida digna na cidade. Apenas para citar alguns poucos exemplos, dentre dezenas de precariedades de serviços públicos. E então, somando o conhecimento técnico, científico ao contato real com as dores que fazem agonizar o povo, talvez surjam novas forças e ânimo para a construção do DF que queremos e juntos sim, podemos construir, unindo todas as forças e frentes da sociedade, com o povo e não apenas para ele.
Que possamos, passada a euforia pelas justas homenagens e anseios por preservação da linda Brasília, pensá-la de maneira prática, cientes de que o que nos esforçamos para tornar invisível fora dos Eixos da Capital, é bem real e latente nos seus efeitos sobre cada um dos mais de 2 milhões de moradores desse complexo e fascinante ente federativo, o Distrito Federal.
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