Bom, eu entendo o amor como renúncia e é sobre isso que quero falar hoje. Na verdade, quero apenas compartilhar um pouco do que falei na comunidade cristã em que congrego, no domingo dia 24 de novembro.
O que é o amor?
Se renúncia é abrir mão de algo seu em prol do outro, vamos perceber ao longo de toda a trajetória humana, Deus agindo assim: Renúncia, por amor. Então, se renúncia é a manifestação do amor, penso que o primeiro ato de amor de Deus, se deu na criação (Gn. 1:1-3) e percebo o segundo ato de amor quando nos dar a conhecer a redenção (Gn. 3). E ele prossegue assim, geração após geração, renunciando por amor a nós, até que no Salmo 14, verso 2, encontramos um dos mais trágicos diagnósticos da condição humana, e embora com o coração decepcionado (se é que podemos atribuir a Deus os nossos sentimentos), o Pai fala outra vez de restauração, o que se concretiza na pessoa de Cristo.
Então, quando olho Cristo, vejo Deus renunciando a melhor parte de si por nós.
No evangelho de Mateus, capítulo 3 verso 17, temos talvez uma das mais lindas declarações de amor da Bíblia: "Este é o meu filho querido que me dá muita alegria". O que temos aqui é o Pai testemunhando a renúncia do filho e enxergando ali, o retrato perfeito da renúncia que Ele mesmo tivera. Os detalhes da renúncia do filho, nós vamos encontrar em Filipenses capítulo 2, começando no verso 5, quando Paulo fala que "Ele tinha a natureza de Deus, mas não tentou ficar igual a Deus. Pelo contrário, ele abriu mão de tudo o que era seu e tomou a natureza de servo, tornando-se assim igual aos seres humanos. E, vivendo a vida comum de um ser humano, ele foi humilde e obedeceu a Deus até a morte - morte de cruz".
O convite que se estende a nós, é que busquemos no Senhor, a perfeita compreensão sobre o amor e que busquemos ao Espírito Santo, para que Ele nos ajude a manifestar, individual e coletivamente, essa disposição à renúncia, pois somente a renúncia nos levará a transformar os nossos agrupamentos e reuniões eclesiásticas em uma família, uma comunidade cristã em que nós nos tornamos imprescindíveis uns aos outros.
A nossa renúncia nos aproxima e nos conecta uns aos outros, de modo que o único movimento que passa a nos interessar é aquele que fazemos na direção do outro, mesmo havendo diferenças e adversidades.
Claro, esse movimento e o processo de renúncia não é algo fácil, tão pouco natural, pois o natural é que busquemos o semelhante e que não nos exija esforço, por isso, é necessário aplicação em nos desvendarmos, pois no amor não podemos nos manter encobertos, atrás dos nossos muros, tentando nos proteger de nós mesmos e dos atritos que as relações humanos provocam.
O sonho do Senhor é que os locais nos quais congregamos sejam apenas um ponto de encontro em que começamos a nos conhecer, mas a comunhão se revela na relação diária, no exercício da renúncia, que faz o amor manifesto. De modo que os locais em que nos reunimos para um culto, são apenas um ponto de convergência e não o centro da nossa relação.
Que a renúncia seja marca diária na nossa vida, seja a manifestação do amor, a que a Bíblia chama de 'elo da perfeição', o atributo que torna perfeitas todas as coisas (Cl. 3:14-15). Por isso, entendamos: não é o templo que deve nos unir, mas o amor.
Até breve.
Comentários
Postar um comentário