Havia uma vila e na vila mulheres, crianças, homens em reinserção social (e a minha primeira pergunta é sobre o porquê de ter que mencionar isso - reinserção social).
Havia casebres, entulhos e lixos.
Havia trabalho, reaproveitamo de materiais, arte.
Havia sonhos.
Uma criança, sob a liberdade que lhe é peculiar. Admirável característica que aliás, perdemos ao 'adultecermos', sumiu. Houve corre-corre. Houve "desespero". Houve apreensão. Houve medo.
Qual a razão disso tudo? A criança sumiu e aqui tem vários bandidos.
Meu coração ruborizou, não pelo sangue que nele corre, mas de vergonha. Afastei-me.
Após cinco minutos de buscas na vila a criança apareceu. Claro, como eu imaginava, estava embrenhada nas casas, livre - como são as crianças, brincando.
O fato passou e a reflexão que me faço é:
Por quanto tempo ainda insistiremos em carregar a escravidão sobre nós?
Por quanto tempo ainda desprezaremos a orientação do mestre quanto a renunciarmos à nossa velha natureza terrena?
Por quanto tempo ainda iremos aspirar a eternidade, o paraíso sem entendermos que a chave que o Mestre nos deu e que nos instrui nesse caminho é que aquele não tiver o coração como o de uma criança, não poderá ver o reino dos céus?
Por quanto tempo ainda nos manteremos escravos do preconceito e do medo?
Por quanto tempo ainda alimentaremos em nós a escravidão à segurança material?
Por quanto tempo ainda nos manteremos dependentes da estrutura social preconceituosa que nos cerca?
Faço votos ...
que nos tornemos livres, como as crianças;
que saibamos aproveitar o momento, como as crianças;
que não tenhamos medo de nos lançar e nos embrenhar nos desafios que a vida nos propõe;
que não tenhamos receio quanto a segurança material ou quanto às justificativas humanas e sociais que nos são exigidas;
que não nos tornemos escravos de nós mesmos;
que não nos tornemos escravos do medo;
que não nos tornemos escravos dos estratos sociais;
que aprendamos, como as crianças, a sermos livres, a brincar, a nos divertir, a enxergar o encanto em cada detalhe que a vida nos permite ser.
E que a miséria própria da criatura humana, não nos torne escravos. Mas que sejamos capazes de abraçar a vida e de na vida, vivermos a liberdade, e de na vida encararmos que o sonho da liberdade está sempre diante de nós e que suas portas estão abertas, esperando que por elas entremos.
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