Manter-se distante é muito bom. Sim, evidentemente. A distância é uma proteção, na medida em que significa afastamento e ai, a composição da lista do que queremos nos manter afastado é imensa e em constante crescimento e isso nos livra de dores de cabeça.
Sob a proteção da distância nós não nos damos a conhecer, pois o outro vai sempre perceber de nós apenas uma sombra e isso nos protege, na medida em que buscamos passar algo que efetivamente não somos e pensamos que se é difícil a nós, encararmos os nossos defeitos, como poderemos deixá-los serem conhecidos? E como, poderemos conviver bem sabendo que o outro conhece a nossa fraqueza?
Sob a proteção da distância nós não nos comprometemos, pois comprometimento exige vida diária, conhecimento de necessidades, disposição para entrar na vida do outro e isso é trabalhoso, é desgastante, exige que abramos mão do nosso conforto e nós, no fundo, não queremos, então, à distância, sempre nos manteremos estranhos ao outro e assim, o outro não desejará a nossa intervenção, de outra forma, também nem perceberemos sua necessidade, a não ser quando ela gritar de desespero e ai, nos protegeremos sob a justificativa de que não pudemos fazer nada porque o outro não nos deu a conhecer a sua a agonia.
Sob a proteção da distância os nossos discursos parecem ser tão vivos, já que não há pontos próximos para comparação do que falamos e fazemos e assim, podemos manter a nossa aparência de verdade, quando a nossa alma está perdida na mentira de que não somos o que falamos ser, mas quem irá saber, se há um nuvem larga, muito larga e escura a nos manter longe do sol que revela a nossa precariedade interior.
Sob a proteção da distância nós alimentamos os nossos medos de construir relacionamentos verdadeiros, porque para tê-los é preciso dar-se ao outro e mostrar-se na face real e isso é doloroso, muitas vezes. Então, afastamos as pessoas com os nossos pesados discursos, que na verdade, são demonstração mais óbvia da nossa fragilidade emocional.
Sob a proteção da distância, guardamos uma vida de mentira porque nos custa a nossa reputação de super homens e mulheres, admitir que não somos o que dissemos a vida inteira ser, porque nos custa o nossa orgulho admitir que precisamos do outro, porque nos custa o nosso egoísmo admitir que o que nos faz irmãos é o compartilhar decisões e não querer assumir o ônus de todas as coisas.
Mas, sob a proteção da distância nos enfraquecemos porque nos tornamos donos de nós mesmos e nos isolamos nas nossas decisões e condenamos ao fracasso o desenvolvimento dos valores do reino em nós.
A decisão precisa ser clara e consciente. Então, pense:
Há aqueles que se escondem sob a proteção da distância e há os que se lançam à complexa tarefa de viver em comunhão. A comunhão é resultado do exercício dos valores do reino na nossa vida diária, porque reino é viver junto e misturado (o teu povo é o meu povo e o teu Deus é o meu Deus, aonde quer que fores eu contigo irei e aonde posares, contigo pousarei também); reino é vida na vida (suportando-vos uns aos outros em amor); reino é sentimento comum (e todos os que criam estavam juntos, e tinham tudo em comum); reino é comunhão construída no labor da convivência com diferenças de personalidade e unidade de espírito (assim como o ferro afia o ferro, o homem afia o seu amigo).
A distância enfraquece, mas juntos podemos terminar o muro, por isso, a ordem é a mesma, ainda hoje: "A obra é grande e extensa, e estamos separados, distantes uns dos outros, ao longo do muro. Do lugar de onde ouvirem o som da trombeta, juntem-se a nós ali. Nosso Deus lutará por nós!" Neemias 4:19-20
Coragem, irmãos! Façamos da comunhão e não da distância, a nossa proteção.
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