O que queremos, afinal? Viver a contemplação ou o Evangelho?
Era muito legal, para os privilegiados da transfiguração, prostrarem-se em perfeita sintonia com o sobrenatural e contemplar a glória ali revelada. Mas, para aquele tempo, a convocação de Cristo aqueles homens, não era a contemplação, era a ruptura dos paradigmas da religião judaica e de suas posições humanas (embora submetidos a um regime que lhes impunha severos limites, pois mesmo em condições humanas adversas, nós temos a capacidade de criar a nossa zona de conforto).
A questão, hoje, está bem clara diante de nós: que tipo de geração seremos? A contemplativa, afeita às prescrições impostas e em voga na igreja evangélica atual, que consome as suas energias na satisfação e emancipação do eu, ou entenderemos que quando nos deparamos com o pouco que nos é possível suportar da glória de Deus, isso na verdade, deve nos impulsionar à ruptura, à renúncia, à morte?
Que outro caminho há para o cristão, se não a morte?
Que evangelho é esse, no qual nos temos lançado, em que o que buscamos é vida, a nossa vida?
Queremos o conforto das nossas realizações pessoais, quando o Cristo nos derruba do cavalo e nos diz, 'você vai padecer por meu nome'.
Não estou, de forma alguma, dizendo que devemos virar hippies e formar comunidades alternativas (a não ser que Ele nos vocacione a isso, rs). Digo, porém, que a nossa busca é por abrir mão de nós, do que somos e fazemos, para que a vida dEle tenha espaço em nós.
Quem definiu a sua profissão? O cargo no serviço público que você ocupa? O seu emprego e carreira? O negócio que você tem? Quem? Você? Isso não é Evangelho.
Falta-nos, ainda, muito, do caminho da cruz.
Falta-nos, ainda, entender que se não nos entregarmos à morte, a nossa trajetória é carnal e portanto, corrupta.
Falta-nos viver o Evangelho, e o Evangelho nos diz que vida cristã implica em ter a realidade do 'já não sou quem vive, mas Cristo vive em mim'.
Contemplação é o evangelho da prosperidade.
Contemplação é o denominacionismo.
Contemplação é a subserviência ao serviço interno das congregações, desprezando a promoção do Reino aos excluídos.
Contemplação é abrir mão da pregação da Palavra por causa da decepção institucional.
E a lista é grande.
Que o Senhor tenha misericórdia de nós e que os dê tempo para o arrependimento.
Perto está o Senhor!
Que o Senhor tenha misericórdia de mim e não me deixa em paz, até que eu resposta a Ele com total renúncia de mim por Ele e que eu perca completamente o controle da minha vida e que tenha coragem de sair da contemplação para viver o Evangelho. Amém!
Um abraço,
Ádila Lopes
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