Quando nos perdemos em nós mesmos, perdemos a hora, perdermos, portanto, o tempo.
Hoje acordei atrasada, tudo por causa daquela praguinha que muitas vezes praticamos, o tal do "só mais cinco minutinhos" e daí, puts, foram-se 50 minutos. Enfim, no susto, pus-me de pé e comecei a correria para me preparar às tarefas e afazeres do dia. Enquanto o computador era ligado me veio a frase que deu origem ao meu artigo de hoje e com a qual iniciei esse texto: quando nos perdemos em nós mesmos, perdemos a hora, perdemos, portanto, o tempo.
Há uma música do Provérbio X que diz o seguinte: "contra você é você contra vocês mesmo, você é o seu pior inimigo, seu pior pesado". Gosto muito dessa parte, pois de forma muito objetiva, nos impõe a necessidade do nosso enfrentamento pessoal, diário, o confronto do meu eu, do meu pensamento, do meu sentimento, da minha pecaminosidade, da minha feiura interior.
A Bíblia diz que o espírito está pronto, e em outro ponto, Paulo fala de forma muito vigorosa sobre o seu ser miserável que o escraviza ao pecado, quando o seu sincero desejo era a prática do bem.
Fato é que essa guerra existe e não pode ser desprezada e a nossa derrota nesse enfrentamento, começa quando nós nos perdemos em nós mesmos. Ou seja, quando damos uma gana de valor ao nosso ego e às nossas razões muito mais do que o fazemos ao Espirito Santo. Não podemos nos esquecer que é necessário aceitar a crucificação com Cristo, quando de forma consciente e voluntária, abrimos mão dos nossos direitos (por assim dizer), das nossas vontades, da nossa conceituação de valor, da nossa perspectiva quanto às coisas, formas e conteúdos, para que uma única perspectiva seja real em nós: a vontade do Pai.
Há uma questão muito importante na forma de vida cristã que é preciso ser entendida e observada, ainda que isso requeira de nós o suportar muitas dores, não físicas, na esmagadora maioria das vezes, mas nos sentimentos. E a questão, diz respeito à liberdade.
Sim, diferente do que se propala, nós cristãos, precisamos entender que fomos feitos livres para simplesmente, escolhermos nos tornar escravos, agora, não da morte, não do pecado, mas da vida, do Cristo e do Seu Reino. Entender isso, é complexo e praticar é doloroso, porque implica abrir mão de algo que nos é extremamente custoso desenvolver, e mais ainda dele nos desprender: pensamento crítico e vontade. Mas é necessário que o façamos.
Não digo que devamos nos emburrecer. Longe de disso. Digo apenas, que precisamos exercitar a submissão do nosso pensamento, da nossa crítica, da nossa vontade e dos nossos desejos, unicamente ao senhorio de Cristo. Esta é uma posição espiritual que nos faz permanecer na luz quando os nossos sentimentos estão confusos, quando a nossa mente entra em parafuso. Esta é uma posição espiritual que nos faz manter o equilíbrio ante às mais injustificadas situações que se avolumam contra a nossa inteligência ou sentimentos. E sem esta posição espiritual muito claramente assumida, o final, certamente, da nossa guerra contra nós mesmos, será a derrocada de uma humilhante derrota interior que nos levará a sucumbir os propósitos de Deus em nós, e um ser sem propósitos não tem sentido de ser, não existe e ai, fatalmente, quando, e se nos dermos conta disso, é possível que o tempo já tenha passado e nós o tenhamos perdido nas nossas trevas interiores.
O alerta é simplesmente fazer a vontade daquele que nos enviou, enquanto é dia. O alerta é que nos mantenhamos na luz. O alerta é que tenhamos a Palavra viva operando em nós, na qual não há erro ou confusão e, unicamente por ela, somos capazes de nos mantermos equilibrados para não perdermos a hora.
Disse Jesus: "Convém que eu faça as obras daquele que me enviou, enquanto é dia; a noite vem, quando ninguém pode trabalhar". João 9
Até breve,
Ádila Lopes
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