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É preciso limpar as gavetaS

Limpar gavetas está longe de figurar entre as mais apreciadas tarefas que a adulticie nos reserva e, por isso mesmo não pode ser um ato alucinado de jogar tudo fora ou acomodar as coisas para melhor fechá-las ao final.

Limpar gavetas é um processo, por vezes, demorado, delicado e que requer dedicação, determinação e muito cuidado. O risco, se assim não for, é jogar fora coisas, informações, recordações, histórias ao mesmo tempo em que se guarda lixos, os mais diversos.

É trabalhoso o processo de limpar gavetas - que também exige desapego. Não à toa o adiamos tanto. Mas é necessário, fundamental fazê-lo ou nos tornamos acumuladores.

Documentos, papéis variados, contas, comprovantes de pagamento, registros e material de escritório, cartões, propagandas, cartas, fotografias, poeira. Gavetas entupidas. E na hora de encontrarmos algo de que precisamos é aquele caos ou, para guardarmos algo realmente útil não encontramos espaço, só bagunça e sujeira. Perdemos tempo, momentos, oportunidades e histórias por causa daquilo que já não nos serve mais, mas ainda está ali, ocupando espaço, desordenando nossos dias, desestruturando nossa mente, embotando nossos sentimentos, atrapalhando as nossas decisões.

E por que adiamos tanto encarar as gavetas?

Medo? Preguiça? Tarefas mil? Dispersão? Descuidado? Enfado?

O adequado, talvez, fosse não deixar as gavetas escondidas, não permitir o acúmulo de coisas, dos lixos, das mágoas - sob a poeira do tempo - mas, cotidianamente examinar palavras, atitudes e sentimentos para separar o que pode ser reutilizado, o que precisa  ser reciclado; descartar o que, por qualquer motivo, já não serve e se fez lixo; e preservar e cuidar, para uso contínuo ou necessário, o que merece louvor em nós ou o que de nós se faz possível cultivar ou nos foi dado levar na vida.

Há gavetas de fácil acesso visual e ao alcance da mão. Há aquelas miudinhas, porém, no recôndito da nossa alma, das  quais sequer lembramos, senão para escondermos as coisas que nos apavoram. É preciso recordá-las, abri-las com cuidado, porque a poeira do tempo e suas marcas, muitas vezes, guardam mais feridas que os papéis de histórias, desbotadas e indecifráveis, ali  depositadas.

Cedo ou tarde a necessidade exibirá a tal limpeza das gavetas. Tanto melhor e mais saudável que nos antecipemos.

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