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Mostrando postagens de 2018

Um sonho para a igreja em 2019

Sim, eu tô bem ciente de que eu não tenho autoridade para isso. Mas, como a gente tá na era do opiniódromo livre, vou continuar a minha vibe. Sugestão de temas para a Igreja Cristã Brasileira (todas elas) para 2019. Se liguem! Não é fazer um cultinho especial, numa data x qualquer, meio fantasioso, como se todas as coisas que estão por trás, na frente e no meio, envoltas, não fossem bem sérias. Não é nada disso não, tá? É promover ações para sensibilização real, sacou? 🗓  Janeiro: mundo, mundo, vasto mundo; fraternidade universal, o que é para que serve isso? Política Internacional, tratados, acordos; 🗓  Fevereiro e Março: os males do patriarcado; doenças, estigmas e sequelas do machismo; violência contra a mulher (inclusive na igreja); a mulher na igreja e na sociedade etc; 🗓  Abril: um mergulho na cultura dos nossos povos originários; as violações dos seus direitos; demarcação de terras indígenas; atuação da igreja na cultura indígena, conflitos, etc; 🗓  Maio e Junh

SOBRE SILÊNCIOS

Não faz muito tempo fiquei realmente impressionada ao me dar conta de que tinha ficado quase 72 horas sem dar uma única palavra com ninguém. Nem aquele áudio insuportável via Whatsapp. Sou um paradoxo nessas coisas porque sou tagarela em assuntos do meu interesse, capaz de conversar sobre um leque de assuntos até interessantes, sem passar vergonha. Também sou uma boa oradora. Brinco que se tiver um pouquinho de conhecimento do assunto enrolo bem e, em alguns  temas até me passo por sabichona. Sou mega ativa em algumas plataformas digitais. Todavia, adoro o silêncio e casa vazia por causa dele, o silêncio. Gosto de observar pessoas. Gosto de me dedicar às pessoas. Mas não abro mão do silêncio. Há pouquíssimas pessoas com as quais eu me percebo quase espontaneamente conversadeira. Menos ainda aquelas ao lado das quais o silêncio não incomoda a mim, nem a elas. Isso diz sobre mim e sobre o mundo. E ainda não tenho clareza do que exatamente. Claro está, para mim, da necessidade q

Depreciação e Supervalorização da Pessoa Humana.

Depreciação e Supervalorização da Pessoa Humana. É bem possível que ambos façam mal na mesma medida. Crescemos não recebendo valorização de capacidades, na adolescência e juventude a semente brota em incapacidade de se perceber e adultos, nos depreciamos sem que ninguém mais precise fazer isso. Alguns, após alguma convivência conosco, nos repetem incontáveis vezes sobre os nossos talentos, as nossas capacidades extraordinárias. Mas é quase tarde. É uma luz que brilha para for a. Aqui dentro a gente continua não sabendo como lidar com elogio e, pior, em como tornar em algum justo e lícito benefício para nós mesmos, todas essas capacidades e talentos por outros, repetidas vezes, percebidas. Ou ao menos parte. Em paralelo, quase sempre, esses casos são acompanhados pelo espírito de escada suja. Quando há sempre alguém beneficiado pelo que somos capazes de fazer, todavia, a escada jamais é louvada quando se chega ao objetivo do esforço, tão somente as pernas que a escalaram. E o

DILEMAS DO BRASIL | PRISÕES

Quantidade de Presos no Brasil: ✔  em 1990: 90 mil ✔  em 2000: 230 mil ✔  em 2018: 726 mil Entre os 4 países com mais pessoas presas (EUA, Rússia, China e Brasil), o Brasil é o único que continua aumentando o encarceramento nas últimas 2 décadas. 📌  Só no estado de São Paulo temos 245 mil presos. 📌  O país tem um déficit de 300 mil vagas no sistema carcerário. 🤔  Talvez, assim, eu só acho que prisão não é a solução. Outras questões interessantes: 📍  em 1976 a pena por tráfico era de 7 anos. De lá para cá a legislação ficou mais severa e, o tráfico não diminuiu, ao contrário,  🔎  60% é a quantidade de presos por tráfico; 🔎  42% dos presos são provisórios, ainda não tiveram julgamento; e estão todos na vala comum:  ⚖  não tem separação por tipo penal, se é primário ou reincidente;  👁‍🗨  em média, 37% dos presos provisórios são absolvidos ou cumprem penas alternativas, quando julgados. 🤔  Parece, também, que se a gente se permitir pensar, um pouquinho que seja

Ilha da fantasia, Brasília?

Dados da Codeplan sobre a realidade do Distrito Federal, hoje, e aquela que logo ali se desenha são de deixar os cabelos de pé, especialmente porque parece que os proponentes de políticas públicas e os agentes executores, bem como os demais entes do Estado, não estão preocupados em tornar todos os entes sociais parte da discussão sobre o presente e o futuro do nosso quadradinho. Por aqui há coisas do tipo: condenar chefes do executivo pelo caos na área de saúde. É verdade, é  um caos. Mas, não se faz muito esforço para olhar as coisas de modo mais amplo. Por exemplo: O Distrito Federal é a unidade da federação com maior crescimento populacional do Brasil, a uma taxa de 11,4% de 2002 a 2017. Transporte, emprego, recursos naturais, habitação, educação, segurança pública, infraestrutura urbana. Tudo isso sofre impacto do crescimento populacional e da desorganização urbana e da incapacidade do Estado em atender a pressão no tempo minimamente adequado e desemboca em que lugar? A

Em meus passos, o que faria Jesus?

Tomando por inspiração um best-seller da literatura evangélica,  ‘Em Seus passos - o que Jesus faria?’, tenho feito o meu esforço para tentar compreender o que está se passando conosco, como diz o irmão Daciolo, Nação brasileira. Um país de maioria esmagadora cristã, que escolhe o caminho da violência para resolução de conflitos, em absoluto e claro desacordo ao que apregoa o Evangelho do Cristo. Se isso é terrível, torna-se execrável fazê-lo em nome de Deus e seus valores. Acho que nos desviamos do Caminho. Obviamente, o desvio da rota do Cristo, que hoje assume contornos grandiosos, em todas as expressões da nossa sociedade e culmina na virulência e medo como norte à tomada de decisões, não começou em 2016. No final dos anos 80 começou ganhar notoriedade uma nova configuração de igreja evangélica no Brasil. Novos ritmos, novo tipo de acolhimento, novas formas de expressão, mais liberdade comportamental, ritos menos pesados na liturgia. A igreja evangélica ganhou as ruas com mais

Só quero mais uma vez esperançar

Gosto muito do meu nome. Não tenho a menor ideia sobre como meus pais o definiram. Pelo sei, nem eles sabem. Nessas pesquisas cinfrinhas da web, sobre a origem do nome, ele aparece associado a Adélia, significando, segundo dizem, "PESSOA DE NOBRE ESTIRPE". Não é pouca coisa! Mas, se fôssemos nós os responsáveis por nós dar nome, talvez me chamasse ESPERANÇA que para mim é um registro sobrenatural de resiliência e é esse o melhor retrato que tenho de mim mesma. Em todos os traumas e privilégios que a existência me tem dado viver louvo a esperança de acreditar quase sempre, de levantar uma vez e outra mais e mais outra, de verdejar e amarelar e a folha cair e recomeçar e esperançar. A esperança é um mistério poderoso. Nesses tempos de trevas,  rancores,  ódios, incompreensões, desespero, ansiedade, violências, desprezo ao diálogo, medos, sinismo  eu faço uma oração ao Eterno que creio o dom da vida: não me deixe perder o viço da esperança, sua força, seu brilho, sua sereni

Ai de vós, líderes religiosos. Impostores.

Quando eu exercia, como a gente diz na igreja, o ministério pastoral, das coisas que mais me davam frio na espinha e arrepio, era pregar - a hora dos sermões. Minha vontade às vezes era de correr. Não por medo de falar em público. Não. Tenho muito problema para assumir as coisas que faço bem, mas em uma já estou certa de que sou boa: se eu tiver mínimo domínio sobre determinado assunto, eu falo bem; outras vezes enrolo bem; outras vezes me viro bem. Ou, como me disse a Professora Inês, em 1992, quando eu fiz um discurso numa festa da escola, eu tenho o dom da oratória. Eu era apenas uma adolescente. Ou, eu nasci assim! Mas, na igreja me apavorava cada culto em que a responsabilidade da palavra era minha. E foram muitas vezes ao longo de 13 anos. O motivo? Eu sempre soube do poder do que eu falava. Tive um pastor, Douglas (que ainda mora no meu coração rs) que insistia nas suas pregações, que investigássemos o que ele falava à luz do Evangelho e da pessoa do Cristo. Aprendi qu

Escuridão

A sala escura e silenciosa as vezes faz bem, outras vezes nem tanto. Quase sempre, na verdade, ela traz uma mistura disso tudo para ser real, no imaginado. Medo, dúvidas, lágrimas e muitas saudades do que não foi e do que poderia ser, orbitam a mente. Mergulhamos na insistente mania de querer desvendar as coisas sobre as quais não temos controle, as experiências não vivenciadas, os anos que passaram ao largo da nossa existência. E dói. A distância que criamos de nós mesmos, tão extensa e pedregosa que nos custa andar por ela e adiamos  a caminhada ao encontro de nossa identidade. Esquecemos quem de fato somos, o que realmente faz sentido para nós, o que nos faz acordar todo dia e o que nos dá leveza para existir mais uma vez e outra vez, nesse ciclo nominado vida. Afinal, o que somos? Ou o que esse rodopiar de ciclos ou rotinas incontroláveis fez e faz de nós? Impossível dizer se nos perdemos ainda antes de nos percebermos em ciclos. E seria essa percepção de visita não programa

Pelo direito de sonhar

Era quarta-feira, como outras tantas na padaria perto de casa. Um pigado, por favor. Com mais café e leite, bem quente. Mais quatro biscoitos de queijo. Meu pedido de todo dia. Enquanto espero...uma mensagem salta no Messenger. "Ádila, sabe de alguma oportunidade de emprego?" Não é a primeira vez a mesma questão me bate à porta. Minha caneta cor de rosa também salta para escorrer sua tinta no primeiro verso de papel que encontro na mochila. Impossível não me ver voltando ao final da década 1990, quando eu tinha a mesma idade do meu amigo da conversa. Muito embora, é preciso afirmar, mesmo em condições severas, as dele são bem mais arrojadas. 1997. Eu morava em Ceilândia. QNM 03. Quem conhece sabe que é barra pesada. Hoje ainda menos que naquela década. Mais de uma vez, ao retornar da escola (CEd 07) me deparava com a rua (conjunto G) fechada pela PATAMO. Ninguém entrava ou saía até que mais uma operação atrás de merla,  a droga da quebrada, fosse finalizada. Uma vez te

Por mandatos mais participativos e transparentes

A nossa história recente vive um mergulho profundo na crise de representatividade. Estruturas frias, rígidas, distantes, ensimesmadas, incapazes de dialogar com os atuais dilemas da nossa sociedade. Os partidos não dão mais conta sozinhos, do desafio da construção a política. Na REDE acreditamos no novo jeito de fazer política e que ele está diretamente ligado ao resgate do protagonismo do cidadão para que ele voz ativa em todos os processos do fazer política, de modo que os representantes sejam de fato REPRESENTANTES, e não substitutos dos cidadãos e cidadãs. Entendemos que uma das suas principais contribuições da REDE para o resgate da política é trabalhar para quebrar o monopólio dos partidos, criando novos métodos e fortalecendo outros que já existem, em parceria com os movimentos cívicos e as instituições, oxigenando a política com mais participação real da população no processo democrático e mais transparência na ação dos seus representantes. A convicção nestes princ

Abraços, poderosos entrelaçamentos

Abraços são tão poderosos e fazem tanta falta, muitas vezes! Todos já passamos pela por aquele dia em que não queríamos palavras, presentes, nada. Apenas um abraço e rosto e ânimo se transformavam. Abraço, aquele nomento especial, quando dois corpos se encontram e se entrelaçam, trocam energia, cheiro, calor e se fazem vivos em toque tão profundo que é capaz de fazer aflorar o melhor de nós. A verdade é que todos deveríamos nos permitir abraçar, de verdade, com firmeza, em cada encontro com aqueles que amamos, aqueles que tem significado para nós, aqueles que de algum modo estão na nossa vida. Abraços aquecem, curam, encorajam, acolhem, falam com tanta clareza que nos deixam sem palavras. Não à toa cantamos que "o melhor lugar do mundo é dentro de um abraço". Em tempos de apartação pelos motivos mais tolos possíveis, bom seria fôssemos capazes de nos permitir mergulhar num abraço amigo ou do filho, mãe, pai, do amor, de quem ocupa a nossa mente com ternura. Você é capa

Deixar as malhadas

R ecentemente uma amiga me admoestou com a seguinte frase: "mana, já está de você deixar as malhadas". Claro que eu ri, e muito. A referência é bíblica, à história de Jacó e seus tempos de serviço ao sogro  Labão, enriquecendo-o e não tendo adequado reconhecimento por seu trabalho. É  principalmente, uma chamada à aceitação pública de desafios que muitas vezes a gente já enfrenta no privado, "às escondidas", nos bastidores. Nunca enriqueci ninguém e, graças a Deus,  meu trabalho quase sempre teve reconhecimento de valor. Não em todos os sentidos, obviamente. Há um fato importante porém, trazido por essas referências e de modo muito forte. Mostrar o que sou capaz de fazer, ou melhor, assumir minhas capacidades, nunca foi algo que me atraísse. Muito ao contrário. Quase sempre só me salta aos olhos a ácida crítica que eu mesma me imponho. Sei fazer muitas coisas e quando assumo desafios normalmente tenho excelente desempenho. Mas tenho enorme e sincera dificuldade

Sob cargas, destinos

Dezesseis, não mais que dezoito anos, dou como sua idade. No generoso fio que escorria no seu rosto, bem mais que suor, escorria sua juventude, energia, esperança, sonhos, outro futuro possível.  O olhar? Embaçado da fumaça dos carros apressados que reclamavam sua presença m suas vias. Atrás de si e carregado pela força dos juvenis braços, um carro de dois pneus e uma pesada carga do nosso consumo exagerado, nosso desperdício de vidas. Uma buzina. Um grito. Uma passagem de raspão. O quase atropelo de um corpo de dezesseis anos que via tudo passar rápido, a começar da sua juventude. No carro, outro possante? Sim, mas não o motor de muitos cavalos. Um outro ser de impávida juventude, força, sonhos, usufruto bem nutrido do presente, futuro garantido - senão pelo não sabido que não se controla, Era negro, aquele outro de animal, a carregar cargas que não produziu. Pele preta, daquele quase atropelado no asfalto, uma quase repetição do atropelo da sua exis

SOBRE A FELICIDADE

Sempre tive certo preconceito com "pessoas felizes". Não acredito na felicidade,  assim, como se propaga e nos é vendida. Acredito no estado de felicidade, por exemplo, que nos  invade diante de uma criança sorrindo ou fazendo aquelas perguntas ou argumentações que nos tiram o chão, nos desnudam e nos colocam no lugar da insignificância - o único que nos pertence no final das contas. Acredito no estado de felicidade que se apodera do nosso olhar frente à delicadeza ou poder incomparável da natureza, em cores, formas, sabores. Ou ainda, nos acordes musicais, na poesia, nos mistérios da lua, no silêncio. O estado de felicidade nos provoca pensamentos, nos orienta, nos impulsiona a ações mais gentis, mais humanas, nos faz cambaleantes e nos inspira a buscar novo ciclo feliz. Às vezes nos paralisa também. O estado de felicidade é tão poderoso que parece se eternizar. Mas não creio real essa tal felicidade em sorrisos que não findam,  celebrações eternas, graça a perder de vis

SOBRE CALOR E GENTE QUENTE

Gosto de comida quente, café quente e  gente quente. Nossa tropical localização nos faz mais quentes. Talvez nos lembre que sinônimo de vida seja o calor. Dia desses um amigo me veio com um diagnóstico sobre determinada pessoa dizendo achá-la fria. Neguei. Ele insistiu que era sim. Deu-me como prova e provocação que bastava olhava para outras pessoas que aquela rodeavam, como eram frias. Argumentei que muitas vezes a vida impõe tantas regras, durezas, enfrentamentos, autopoliciamento no falar, agir e reagir que, no passar dos tempos, sob aquele regime tão intenso, perde -se o calor, essa vividez  do existência com cor. Explica. Justifica? Pus-me a pensar a respeito porque, obviamente, a minha argumentação não me convenceu. Será que tem que ser assim, tornarmo-nos frios para sobreviver à dureza e frieza dos desafios que temos que enfrentar, às vezes anos a fio? Não estaria no calor, esse pulsar vivo dos nossos traços, expresso na força e vibração do falar, expansão de alma, riso

Nossos hábitos, nossas construções

Muito raramente preparo café da manhã em casa. É quase o único momento que paro. É um misto de preguiça e necessidade de um momento para nada fazer além de ler um jornal, revista, livro, ouvir música ou apenas me deixar navegar nas águas do nada tarefeiro e mergulhar nos pensamentos ou observação. O local é simples. A comida é básica. O horário é quase sempre o mesmo. As experiências da observação são quase sempre significativas. Cá estou mais uma vez. Uma mesa livre à frente. O casal chega. Faz o pedido. Recebe seus itens solicitados e se dirige à mesa. Ela está bagunçada com restos de comida do usuário anterior. Um prato, um copo, uma caixa de achocolatado e algum a sujeira espalhada. O casal volta e começa a tomar café de pé, ao lado do freezer de sorvetes até que alguém limpa a mesa. Ok. Faria que os responsáveis pelo local se mantivessem absolutamente atentos e ágeis quanto à limpeza das mesas. Melhor seria que o cidadão anterior deixasse a mesa em mí

As distâncias de Brasília

Fui ao escritório conferir se determinado serviço já estava pronto, já que o profissional não me respondia. "A senhora terá que esperar mais ou menos uma hora para que eu termine a parte de hoje." Ok. Fome. Ali na 215 norte tem umas comidinhas bacanas. Dilema. Ou enlouqueço de vez e enfrento a passagem subterrânea ou enlouqueço e atravesso o Eixo Rodoviário. Eu estava na 314 norte e o mapa me dizia que apenas 1,2 km me separavam até a comida desejada, em 14 minutos de caminhada. Eixo ou passagem subterrânea, que uso com frequência (até 18h), que doidice farei? Atravesso o Eixinho. Olho para um lado. Olho para o outro. Ando uns 200 m na direção norte, pelo canteiro. Desisto. Não sou capaz de enfrentar as máquinas exibindo seus tanques abastecidos. Melhor deixar para frequentar o Eixão amanhã, quando estiver fechado para os carros e aberto para as pernas, das gentes circulantes. Brasília é linda. Apesar de chamarem a cidade de

MAIS UMA ORELHA NO CHÃO?

Depois de uma vigília, a mais pesada de toda a sua vida, quando esteve mergulhado na mais profunda angústia e solidão possível a um vivente suportar, chegaram soldados e servos para levá-lo preso. Armas em punho. Medo nos olhos. E o traidor a guiá-los. Pedro, um dos seus e daqueles que o deixaram só na angustiante vigília, porque cansado dormiu, saca a espada e com maestria decepa a orelha de Malco, um servo. Uma repreensão à ação precipitada, embora natural. Uma ação inesperada. Uma cura. Um ensino. As armas da missão do Cristo não fazem sangrar, não dilaceram corpos, nem adoecem almas. Tempos semelhantes aqueles vivemos hoje. Instabilidade política e social que colocam em xeque a nossa dignidade, o ânimo, a nossa visão de mundo, a nossa fé, a esperança. Orelhas ao chão é o primeiro impulso. No entanto, o ensinamento do Cristo permanece o mesmo e o seu fruto é EMPATIA. Malco, o servo, cumpria ordens de um sistema traiçoeiro e perverso e a sua presença ali esta

Soprando forte. Em todos os lugares.

Os ventos do autoritarismo agem por frestas, batem portas e janelas, arrancam lençóis nos varais, derrubam casas, torres, contorcem e distorcem estruturas, abalam construções e firmam-se como a última ordem válida a que se devem curvar todos. Os ventos do autoritarismo começam sutis, como a brisa do fim do dia e embevecem desatentos, corações em desalento, ocupados em demasia, apressados se desesperam. Os ventos do autoritarismo sopram em todos os lugares e vão ganhando força se não enfrentados. Os ventos do autoritarismo rasgam mãos que trabalham, sangram corações de vela ideológica comum, cegam até os olhos mais dedicados e tornam insanos os lúcidos da terra. Os ventos do autoritarismo estão varrendo a terra. Nunca deixaram (é verdade) ou deixarão a nossa história. Nos levaremos por eles? Como os enfrentaremos? O que de nós restará ao cabo de seus ataques mais vorazes?

Vasti, mulher poderosa

Perambulando pela Asa Norte à procura de um almoço (que eu deveria ter feito em casa) dou de cara uma loja chamada Vasti. A lembrança imediata é da rainha Persa. Acho que da próxima vez que for falar na reunião da igreja, tomarei o breve relato bíblico do poderoso ato da rainha Vasti como base do sermão...rs Se você é ou foi, como eu, igrejeira (o), especialmente pentecostal, lembrará sem muito esforço do lugar dado a Vasti. Na sua "desgraça", a oportunidade divina para o suc esso de Ester ou, simplesmente o silêncio sobre o seu ato, quando ousou dizer NÃO ao abuso e violência de um rei bêbado. E por que não falamos sobre o poderoso ato feminino do NÃO? Por que não falamos sobre machismo? Por que não falamos de relacionamentos abusivos nos casamentos evangélicos? Por que não falamos sobre o significado de autoridade? Por que não falamos da objetificação da mulher, inclusive na igreja? E por que não falamos que o amor é subversivo? Por que não falamos de am